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Foto do escritorJornal Atitude Cultural

Espetáculo Estrangeiras em cartaz até 26/05, no Espaço Obragem, em Curitiba. Caixa de entrada x

Atualizado: 15 de mai. de 2019

Companhia de Arte conta com direção de Rafael Camargo e está em temporada no Espaço Obragem, em Curitiba.

O que nos define? O que nos classifica, de fato? E, isto é realmente necessário? Quatro atrizes em cena, quatro mulheres em busca de um corpo, de um lugar e de um sentido. Como explicar o não pertencimento, o não estar presente, a não identificação com o lugar e a realidade? “Estrangeiras – Sobre Lugares que Nem Sabemos que Existem”

nasceu do desejo comum de um coletivo de artistas de discutir o tema identidade. E por se tratar de um assunto de natureza intangível, a peça obviamente não traz respostas, mas reflexões. Tentativas de contextualizar as manifestações da existência. A temporada segue, no Espaço Obragem, até dia 26 de maio, de quinta a sábado, às 20h, e aos domingos, às 19h.

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman que discute as noções de identidade no “líquido mundo moderno” no livro/entrevista Identidade de Benedetto Vecchi norteou o trabalho. Ele diz: “O pertencimento e a identidade não possuem a solidez perpétua, mas sim a finitude de um mecanismo que exerce um poder de transformação contínua. As identidades estão em constante trânsito, provenientes de diversas fontes, quais sejam aquelas disponibilizadas por terceiros ou acessíveis através de nossa própria escolha”.

”Daquilo de que os outros não sabem sobre mim, disso eu vivo”, assim começa a outra obra que serviu de referência ao projeto, o livro A Sociedade da Transparência do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han. A frase é de Paul Handke. De acordo com o escritor, a obsessão com a transparência manifesta-se não quando se procura a confiança, mas quando esta desapareceu e a sociedade aposta na vigilância e no controle. Outra fonte de inspiração foi o filme Uma Vida Iluminada (2005), de Liev Schreiber, um road movie que mostra a trajetória de Jonathan, um judeu norte-americano colecionador de coisas que sai em busca da mulher que pode ter salvado seu avô dos nazistas, na Ucrânia. O longa emociona pela delicadeza com que trata a busca do passado para entender o presente, a procura das origens da família para compreender a própria história, e a amizade possível entre pessoas de culturas diferentes. Fala sobre o Holocausto e é marcado pela alternância entre tensão e conciliação das diferenças, abertura e fechamento ao outro, exibindo as nuances dos vínculos formados a partir deste encontro.

“O ponto de vista do nosso olhar é estrangeiro, de estranhamento. Abordamos o sentimento de não pertencimento seja individual ou coletivo. Falamos sobre situações simples da vida, em que nos sentimos “estrangeiras”, em nosso próprio país, cidade, casa e até mesmo em nosso corpo”, conta a atriz e produtora do projeto Marcilene Moraes, criadora da Crisálida Companhia de Arte. “Acho que é muito pertinente falar sobre esse assunto neste momento onde se vê o drama de milhares de imigrantes refugiados no mundo e os conflitos recentes por conta de intolerância de raças, religião, ideologias e gêneros em nosso país”, ressalta. A Companhia criada em 2012, tem como foco a linguagem contemporânea e visa agregar artistas/parceiros que contemplem o experimento e a pesquisa, pensando o hibridismo das artes.

Além de Marcilene, compõem o elenco: Cléo Cavalcantty, Edith de Camargo e Karla Fragoso. A direção e a dramaturgia é de Rafael Camargo que propõe uma encenação contida, resultado da pesquisa que desenvolve há mais de uma década sobre o teatro da inação. “As estrangeiras curiosamente perguntam, poeticamente questionam, humanamente percebem a dificuldade de ser e estar. De certa forma falamos sobre solidão”, adverte o diretor. “São mulheres atemporais e seus não lugares em cena. As repetições de diálogos, a circularidade dos pensamentos, a investigação das estruturas corporais, desenham a forma e imprimem a consciência deste não lugar”, complementa.

Serviço:

Espetáculo ESTRANGEIRAS– Crisálida Companhia de Arte

Quando: até 26 de maio (quinta a domingo)

Que horas: de quinta a sábado, às 20h aos domingos, às 19h Onde: Espaço Obragem (Alameda Júlia da Costa, 204 - São Francisco)

Duração: 50 minutos

Classificação: 16 anos

Quanto: R$ 20 / R$10 (meia entrada)

Capacidade máxima: 30 pessoas

Informações: 41 3077 0293

Ficha Técnica

Elenco: Cléo Cavalcantty, Edith de Camargo, Karla Fragoso e Marcilene Moraes

Direção, cenário e dramaturgia: Rafael Camargo

Direção de Produção: Marcilene Moraes

Assistente de Produção: Ricardo Maleh

Figurino: Karla Fragoso

Adereço e ilustração: Katia Horn

Trilha: Edith de Camargo

Cenotécnico: Henrique Horn

Iluminação: Wagner Correa

Direção de movimento: Ayrton Rodrigues

Designer Gráfico: Alessandra Horn

Fotos: Elenize Dezgeniski

Vídeo Mapping: Manolo Fraga

Realização: Crisálida Cia de Arte

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