De Esperança Suor e Farinha. Sextas e sábados 21h
Release
Um país tão rico em cultura e saberes populares, rico igualmente em desigualdade, miséria e fome, mas com um povo cheio de esperança - nossa viagem é pelo mundo dos invisíveis: Nona, parteira e benzedeira, lutou sempre pela vida dos mais fracos – inclusive a sua, pois nasceu não-binária dentro de uma comunidade cheia de contradições e preconceitos, Thayanara, garimpeira, mãe de gêmeas, vive em um buraco, arrancando com suas próprias mãos esuor aquilo que é negado às mulheres – seu lugar no mundo –, Jesus é um dos milhões de brasileiros desalentados, prestes a perder a guarda dos filhos, Menina é uma criança solitária, estigmatizada pela “maldição” recebida - é a sétima filha de uma prostituta- , que se agarra à fantasia a fim de sobreviver, e, finalmente, Tauan, professor e morador de rua, que, na sua loucura, viaja entre delírios heroicos e a perda de referência familiar e humana. O que os une? Afarinha, ingrediente dos pratos da fome e da fartura.
Sinopse
Cinco monólogos se desenvolvem em cenas curtas, um em cada uma das cinco regiões brasileiras, Norte, Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste. Nelas, os personagens têm suas vidas interligadas por algum laço afetivo, peculiaridades nos modos de falar, de ser, de pensar. Em comum, todas as cenas têm, como símbolo que ata cada uma das vidas aqui retratadas, a farinha, presente no prato do brasileiro do Oiapoque ao Chuí, ingrediente capaz de unir todo um povo em um laço tecido em cultura, esperança e memórias.
A narrativa se constrói em uma estrutura que tem no conto o seu ponto de partida em uma fala repleta da coloquialidade e maneirismos de cada uma das regiões brasileiras, apresentando a diversidade de um país de dimensões e modos de pensar continentais.
As tramas, recortes simples do cotidiano de cada um dos protagonistas, trazem histórias de vida que mesclam o estranhamento de um país cheio de interiores e inacreditáveis situações de privação à contemporaneidade do século XXI, fazendo-se presente mesmo nos lugares mais longínquos e mesmo ermos.
O espetáculo ou sequência de apresentações tem início em um nascimento e fecha o ciclo em uma morte, símbolo que permeia todas as cenas, na fala na boca e na ação de cada um dos personagens, jargão presente na vida de todos nós, brasileiros. “Para tudo nessa vida há um jeito. Exceto para a morte”.
Sobre o Texto (a autora)
Há algum tempo venho percebendo, em um viés de meu trabalho, a recorrência de dois temas que, para mim, são de urgente importância em nosso mundo, em nosso país. Dar voz aos invisíveis e, quase como uma consequência disso, o modo como pensamos e tratamos o alimento (ou a falta deste) em nossa sociedade contemporânea.
Esse processo, quase natural, começou com a criação de contos-receita, um formato que vislumbrei um dia, ao olhar uma receita em um caderno de minha mãe, e que, desenvolvi a princípio, abordando memórias afetivas ligadas ao alimento, seu cheiro, seu sabor. A experiência deu certo e os textos foram gradativamente tomando outras formas, enveredando por caminhos que se revelaram óbvios (ao menos para mim). O desperdício de comida em um mundo que sofre com a fome, a fome e o paradoxo das prioridades daqueles que poderiam fazer a diferença, até que, enfim, de alguma forma a fome e a invisibilidade de quem sofre com ela suplantou a doçura dos alimentos nos textos mais recentes.
Em fevereiro deste ano lancei o livro “Como a vida – histórias e receitas nem sempre tão doces quanto as sobremesas”, pela Editora Patuá. O trabalho traz contos de ambas as vertentes, entre eles, os premiados Pudim de laranja (Prêmio Paulo Leminski de contos) e Compota de limão (Prêmio Cataratas do Iguaçu). Cada conto traz como título a receita que o originou.
Todo esse experimento com os contos-receita culminou em “De esperança, suor e farinha”, texto de prosa-dramática, selecionado na VI Mostra de Dramaturgia de Pequenos Formatos Cênicos do CCSP. Na dramaturgia, o conto se torna monólogo, confissão de cinco personagens em lugares distintos, com realidades igualmente diferentes, mas, unidos por dois elementos chave: a invisibilidade social e a farinha como único alimento presente em seus pratos.
Tanto na prosa, quanto na dramaturgia, porém, há uma busca pela delicadeza, pela prosa poética, bem como pela oralidade e o modo de fala desses humanos que, com o seu suor, procuram um modo de sobrevivência muitas vezes baseado apenas na existência da esperança em suas vidas.
Serviço
De 12/07 a 11/08
Centro Cultural São Paulo
Av. Vergueiro, 1000
Sala Jardel Filho
Gênero: Drama
Duração: 80 minutos
Classificação – 12 anos
Sextas e sábados 21h
Aos domingos 20h
Texto – Paula Giannini Direção - Amauri ErnaniElenco – Paula Giannini e Amauri Ernani Iluminação – Beto Bruel Concepção cênica e Figurinos – Francisco KokochtDireção musical – Sérvulo Augusto Sonoplastia – Amauri ErnaniProdução – Palco Cia de Teatro
Prêmio 5° Mostra de Dramaturgia de Peques Formatos Cênicos
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